Ana Caldas

Em 1989, Inscrevi-me no Curso de Joalharia do Centro de Arte e Comunicação Visual (AR.CO) em Lisboa e comecei a interessar-me pela aprendizagem das técnicas que aplicava em diversos materiais permitindo criar formas livres. Fui condensando numa ideia ou numa peça um sem fim de emoções que expressava através de desenhos, colagens e jóias experimentais, empregando materiais de desperdício (papel de jornal, revistas, latas de Coca-Cola). Mais tarde tive oportunidade de frequentar a Escola de Joalheiros Contacto Directo e realizei um estágio de 3 meses na Holanda. Durante o período de estudante  participei em diversas exposições e workshops.

Em 2002, retomei a Joalharia. As primeiras jóias são idealizadas num ambiente de grande transformação e vitalidade. Nasceu uma vontade de transmitir algo novo,  exigindo-me pesquisas e aprofundamentos, quer das formas, quer dos conteúdos.
A importância das artes e dos ofícios, assim como a dignificação do objecto/Jóia, artesanal e artístico, face ao enquadramento actual industrializado, uniformizado e globalizado, reforçou também a abertura a novos caminhos.
Criei as Manufacturas do al-Andalus, desenhei e executei jóias e outros objectos artísticos de inspiração ibero-muçulmana; pretendia chamar a atenção para este vasto e rico património artístico e cultural, material e imaterial, onde encontrei na poesia o eco maior que necessitava para dar início a todas as formas. Entre 2007 e 2015 foi um período de abundante criação e execução com o fulgor das minhas mãos.
A Joalharia tornou-se para mim o veiculo de expressão maior,  personalizada, permeável a outras influências, à capacidade em absorver e recriar símbolos, a novas visões do mundo, à metáfora e ao deleite estético.
Paralelamente tenho vindo a realizar diversas exposições individuais e colectivas, participo em feiras de artesanato nacionais e internacionais, executo encomendas personalizadas, publico artigos sobre o meu trabalho e colaboro em vários projectos artísticos.